quarta-feira, 2 de junho de 2010

O Apanhador no Campo de Centeio




















Texto por Jean de Oliveira

O Apanhador No Campo De Centeio, é a tão controversa obra de Jerome David Salinger, que tornou-se o mais acurado e sensível grito da crônica juvenil, e uma das mais marcantes obras da literatura norte-americana contemporânea, que transcendendo as décadas, vem hipnotizando cada vez mais um numero maior de fãs. Nele Salinger comanda a narrativa de maneira surpreendente e fria, mas ainda assim deixando algum resquício de inocência e ingenuidade infantil, sob a voz crítica e entediada de Holden Caulfield, tendo como cenário os dias da sociedade de Nova York da década de 50.
Este clássico da literatura norte-americana narra um fim-de-semana na vida de Holden Caulfield, um típico garoto americano vindo de uma família classe média alta de Nova York, incomodado com a mesmice, a ignorância e principalmente, a falsidade que o cercam. Holden, estudante de um refinado internato para rapazes, volta para casa mais cedo no inverno depois de ter reprovado em quase todas as matérias. Na volta para casa, narra os dias que sucederam a sua expulsão da escola Pencey enquanto sai vagando pelas ruas de Nova York refletindo sobre tudo o que (pouco) viveu, e agredindo, com bastante inteligência e sarcasmo, tudo o que detesta à sua volta. Repassando sua peculiar visão de mundo,ele tenta enxergar alguma diretriz para seu futuro. Antes de se defrontar com os pais, procura algumas pessoas importantes para si (um professor, uma antiga namorada, sua irmãzinha) e tenta lhes explicar a confusão que passa por sua cabeça, mas ninguém lhe compreende. Porem o que realmente o incomoda é o vazio e a falsidade das pessoas, que por mais promissoras que pareçam, sempre acabarão por se revelar como mais uma decepção.

Durante a leitura de O Apanhador, para poder compreender o porquê de este livro ser tão aclamado e discutido em todo mundo, deve-se levar em conta alguns detalhes cruciais.
A escrita em si é um pouco antiquada, e usa de muitas expressões coloquiais. Claro que se você é um jovem de 17 anos hoje e ler o Apanhador vai achar os diálogos ultrapassados, e talvez a estória não pareça ser tão interessante, mas tenha a consideração de lembrar que a idéia de Sallinger, em 1951, era mostrar como os jovens falavam uns com os outros, sem se importar se aquilo era adequado ou não, ele quis transmitir a naturalidade do mundo jovem que estava acontecendo na época.
Foi a primeira vez na literatura americana (ou mesmo na mundial) que este tema foi tratado à fundo e exposto de maneira absolutamente natural. Sallinger quis mostrar o paradigma de se ter idéias, mas ninguém lhe escutar por causa de sua (pouca) idade.
O Apanhador após ser publicado, acabou por se tornar uma verdadeira revolução literária, por mostrar os anseios e preocupações de um jovem na década de 50. Foi também um dos responsáveis por criar a cultura-jovem, pois até então o adolescente não tinha direito a uma voz e uma visão de mundo próprio, ele era apenas ignorado pelos mais velhos. Ao contrario dos dias de hoje, onde os jovens têm toda a liberdade para se expressarem e gostarem do que querem (mesmo que em minha opinião, para alguns, este privilegio devesse ser revogado).
Mas a obra jamais poderia ser vista como uma apologia à rebeldia adolescente, simplesmente porque Caulfield, o contestador de Salinger, em momento algum tenta confrontar as pessoas que ele tanto critica. Ele sabe que o problema é ele e a sua espiral de amargura e repulsa, convertendo a realidade que o cerca em uma espécie de cotidiano decadente e corrompido. Sabe que o mundo lhe incomoda tanto quanto ele "incomoda" o mundo, e por isso esta sempre sendo enxotado das escolas, mas nunca usa uma justificativa como "incompreensão do mundo exterior”.
Mas também não é só de elogios que vive o memorado Apanhador no Campo de Centeio. Como toda obra, ela tem seus prós e contras. Este livro não deixa de lado passagens de profundo desprezo com o personagem que, durante alguns trechos, mostra-se chato e monótono, só reclamando de tudo e de todos, transformando conversas banais em fenômenos nojentos, mudando a realidade à sua volta em um profundo poço de pessimismo e depressão.
Por isso Holden é ao mesmo tempo o herói e o vilão da estória, pois durante o decorrer dela, enquanto enfrenta dramas e tormentos pessoais, nunca oculta seus erros, muito pelo contrário, sempre deixa bem claro seus defeitos como por exemplo: ser divertidamente mentiroso, assumidamente covarde, entre outras coisas. E isto é relatado seguidamente durante o livro, para que o leitor seja introduzido da maneira mais próxima da realidade na vida desesperante deste rapaz de dezesseis anos.
A fama de O Apanhador é sobretudo devida à polêmica envolvendo Mark Chapman, o assassino de John Lennon, que quando capturado pela polícia, carregava este livro consigo. Quando questionado sobre o porquê de ele ter assassinado o ex-Beatle, Chapman respondeu "Leia O Apanhador no Campo de Centeio e você descobrirá porque o fiz. Esse livro é meu argumento". Outro fato curioso é que o atirador que tentou matar Ronald Reagan, em 30 de abril de 1981, afirmou a mesma coisa, ou seja, que teria tirado do livro a inspiração para matar o presidente Reagan. Por isso, O Apanhador acabou se tornando o livro mais vezes banido da Literatura. Porém, em contrapartida, também uma parte obrigatória do currículo acadêmico de muitos países de língua inglesa.

Algo que me deixa feliz, em tempos onde até Ana Maria Braga escreve livros, é que O Apanhador No Campo De Centeio, que agora completa 59 anos de publicação (ele foi publicado em 1951), continua sendo referencia a uma boa literatura própria e marcante, mesmo com toda a controvérsia que o envolve, é um livro indispensável na formação de alguém que possui algum átomo de senso crítico.
E se você não concorda comigo e acha o que eu escrevi a maior idiotice do mundo, e ainda pensa que ficou mais burro por ter lido tudo isso, releve, pois eu poderia estar matando, roubando ou escutando musicas do Latino (não sei o que seria um crime mais grave), mas não, eu estou aqui, apenas escrevendo o que penso.

23 comentários:

  1. O que falar sobre um livro que inspira loucos a matar? Dizer que foi escrito por um cara com 17 anos de idade que se achava o centro do universo, não sendo nem metade do mesmo?
    O Apanhador no Campo de Centeio um livro escrito por um homem sem noção e experiência, e sem cérebro. Cujo a única pessoa hipócrita é o proprio personagem principal.

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    1. Kkk. N foi o Holden q escreveu o livro o Holden é o personagem! O livro foi escrito por outra
      Pessoa. Alias a Bíblia inspirou guerras e nem b por isso as pessoas queimam elas. Vc devia let antes de falar ou pelo menos pesquisar o nome do autor! Ah, o livro tb inspirou musicas do green day e do guns n roses q ate onde sei n são assassinos!

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    2. É incrivel a capacidade das pessoas de darem ouvidos aos idiotas que escrevem loucuras ou fazem filmes que inspiram violência e sexo banal.
      O resultado está aí para todos verem, no que os jovens estão se tornando, assassinos de pais, desobedientes e extremamente violentos. Esse autor, no final das contas, foi abandonado pela esposa e filhos, já que não tinha tempo para eles, apenas achava tempo para escrever coisas como as idiotices deste livro.

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    3. O livro não mata pessoas e nem as faz matar pessoas, pessoas matam pessoas. Dizer que um livro tem capacidade de catalisar um comportamento assassino é o mesmo que dizer assistir muito desenho catalise um comportamento infantil.

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    4. Estou entendendo que a Annie foi irônica no primeiro parágrafo e séria no segundo.
      Eu acho que foi uma estratégia de marketing esta história de que "influencia assassinos", e etc e tal.
      Eu mesmo fui um bobo, que só li por curiosidade, devido a este mito. E acabei vendo que é um livro bobo, que não ensina nada, não acrescenta nada, não surpreende nada, não serve para nada.

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    5. Este comentário foi removido pelo autor.

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    6. Annie, seu comentário é irrelevante ao mundo crítico. att,

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    7. Essa ai não entendeu o livro do jeito que o autor quis passar, vai ver se sentiu ofendida pela visão que o protagonista tem de pessoas comuns. Nem todos podem pertencer aos poucos

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  2. Cala a boca, garota! Não diz asneira! Eu adoro assistir a filmes de horror. Quer dizer então, baseado nesse seu argumento idiota, que eu já deveria ter matado uns 100, é isso?! O livro não inspira ninguém a matar, nem música, nem filmes. Quando a pessoa tem cabeça fraca, qualquer coisa pode servir de "inspiração", sua tolinha ingênua e sem noção de mundo!

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  3. Muito recomendado.O protagonista nos irrita algumas vezes, mas é impossível não se identificar em vários momentos com sua rebeldia (e seu humor ácido). Quem nunca, em algum período de sua vida, não se viu perdido, buscando um sentido, acolhimento e compreensão? Gostei muito, e recomendo!

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  4. Amigo, não faça isso, não vá ouvir músicas do Latino. Continue escrevendo, sua resenha e análise do livro foram perfeitas.

    Um abraço,

    O Vendedor de Livros

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  5. Gostei da sua crítica. Li recentemente o Apanhador devido à curiosidade que a obra gerava em mim, por encontrar diversas referências a respeito da mesma em vários lugares diferentes. Confesso que foi difícil compreender o porquê de tanta fama. Li a narrativa inteira esperando que algo de grande acontecesse pra justificar o peso do nome que o livro carrega, e confesso que me senti um tanto frustrada ao chegar ao fim, mas sua resenha me ajudou a confirmar minhas suspeitas do porquê do livro se destacar, de certa forma. (Só chamaria a atenção pra que você tenha cuidado com certos "preconceitos" e generalizações ao escrever sobre qualquer coisa).

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  6. Gostei da sua critica ,mas, acho que talvez o protagonista apenas não conseguia compreender alegria e “sinceridade” das pessoas em serem hipócritas ,falsas ,e felizes com seus valores de competição vazios(passava por um período difícil).E não que não fosse capaz de ser alegre e distorcia a percepção. Aliás por isso que sempre "fugia" em sua infância (tempo de sinceridade e igualdade).Dai vem a metáfora do nome do livro ,"O Apanhador no Campo de Centeio", apanhar os garotos para não caírem do abismo próximo ao campo de centeio seria um modo de impedir a chegada da maturidade nas pessoas, junto à ela todas falsidades, valores banais ,capitalistas e egoístas que é padrão naquela época e local.....Mas é claro ,todos temos que passar por esse período, o sentido que damos a vida tem que se passar por cima de um padrão imposto pela sociedade capitalista e egoísta mesmo. E era exatamente isso que o protagonista não conseguia compreender no período em que procurava o seu sentido de vida.......

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  7. o pior é o primeiro comentário... essa múmia já entrou no site " metendo o pé na porta" não sabe do livro, nem quem escreveu...sabe nada!!! , que idiotisse!!! o livro é muiiiito bom , mas parte da capacidade de cada um em se interar do personagem e seu mundo, assistí-lo de fora não é tão interessante quanto " andar" com ele pelo livro... mais ou menos como aquela musica do apanhador no campo de centeio...
    abraços

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  8. Engraçado é que de 1951 até 1980, milhões ou bilhões de pessoas leram o livro e ninguém matou por causa dele.
    Daí surge um doente mental, faz uma besteira, diz que foi por influência do livro e pronto... o livro passa a ser a culpa de todas as desgraças da humanidade.
    A obra critica justamente pessoas que pensam assim, hipócritas e idiotas de plantão!

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  9. so digo uma coisa pra quem não gostou do livro, é porque não conseguiu interpreta-lo. Um livro ótimo recheado de criticas e metáforas, um bom livro pra quem tem uma mente aberta ( no sentido de entender a estória por trás da estória). Deixo aqui 2 links de 2 outras análises abordando um outro lado do livro, talvez devessem ler elas para entender algo que deixaram passar.
    http://umaduasargolinhas.wordpress.com/2013/07/14/o-apanhador-no-campo-de-centeio-j-d-saliger/

    http://lenisebruna.blogspot.com.br/2013/04/resenha-o-apanhador-no-campo-de-centeio.html

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  10. Eu só não entendi e me senti ofendida pelo comentário do autor dessa crítica. "Claro que se você é um jovem de 17 anos hoje e ler o Apanhador (coisa que eu duvido) " Duvida porque? Eu vou fazer 17 anos esse ano e comprei O apanhador no campo de centeio para ler, só que em inglês. Eu sou uma adolescente que ama ler clássicos ingleses, norte-americanos, russos e tenho amigos da minha idade que se encontram na mesma situação. Então, caro escritor dessa resenha, nunca generalize um adolescente. Ah, só para constar, meu primeiro clássico foi aos 12 anos, você já leu "O morro dos ventos uivantes" de Emily Bronte? Pois é, esse foi meu primeiro clássico. Fora isso sua resenha está ótima.

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    1. Ele faz referencia ao jovem da periferia,que e maioria nesse pais,que nao e o seu!

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    2. Ele faz referencia ao jovem da periferia,que e maioria nesse pais,que nao e o seu!

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    3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  11. Adorei o livro e o considero imperdível. O Holden detesta a tudo e a todos, transformando coisas banais em dramas e, com isto, provoca o riso em várias partes do livro. Em suma, um jovem depressivo e revoltado no qual muitos adultos podem se enxergar.

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  12. O Holden é um reflexo de Salinger. Portanto o livro nada mais é que um diário do próprio autor, quase auto biográfico eu diria. Tornando inviável, e injustificável alguns comentários acima.
    Deve-se antes saber quem foi Salinger, e então interpretará seu livro corretamente.
    Nada está lá por acaso, e nada é mero capricho. Nem mesmo sua aversão ao mundo artístico, afinal, quando ainda soldado soube por jornais que tinha perdido sua mulher para Charlie Chaplin.

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  13. Também fiz uma análise literária tentando desmistificar e interpretar a obra para que as pessoas possam compreende-la com mais profundidade. Link abaixo:

    https://eguadolivro.wordpress.com/2017/09/21/analise-critica-e-literaria-de-o-apanhador-no-campo-de-centeio/

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