ALICE IN CHAINS
Black Gives Way To Blue
(EMI) 2009
Você se lembra do Alice In Chains? Sim, é aquela banda mesmo, que foi um dos pilares do movimento musical que, nos anos 90, ajudou a redefinir os caminhos do rock para algo realmente de artístico novamente (e não por acaso jogar fora toda a geração de bandas que ficaram conhecidas como “hard rock farofa”, que haviam infectado o globo na década anterior), numa explosão de rock alternativo advinda da cidade de Seattle, que ficou conhecida como grunge. O que? Você não os conhece? Pois então deveria, e a melhor hora para você que não viveu a efervescência dos anos 90 é agora, visto que a banda voltou às suas atividades neste ano, depois da perda de seu vocalista original, Layne Staley, por overdose de heroína em 2002. E para iniciar vida nova, um registro sonoro completamente inédito marca o triunfante retorno.
Black Gives Way To Blue é o primeiro álbum de estúdio do AIC em 14 anos (o último havia sido o bom eletro-acústico Jar Of Flies, de 1994). Sob a batuta do excelente guitarrista Jerry Cantrell, a banda traz de volta o som característico que a tornou famosa nos anos 90: pesado, arrastado e monocromático, sempre com arranjos primorosos, os riffs de guitarra de mais de uma tonelada de Cantrell, bateria musculosa de Sean Kinney e o baixo a serviço da música de Mike Inez, o que fica explícito já na abertura, com a ótima “All Secrets Know” e a perfeita “Check My Brain”.
Como novidade, pode-se ouvir os inspirados vocais do novo membro da banda, William DuVall, que conseguiu substituir Layne Staley com honras, registrando vocais que deixariam contente o falecido. Mesmo com vários momentos de semelhança com Staley, Duvall não deixa de imprimir uma boa dose de subjetividade em vários momentos pelo disco, como na cadenciada “Last Of My Kind”, “Take Her Out” e “Private Hell”. “Your Decision”, “When The Sun Rose Again” (que chega a incluir até mesmo tablas) e a faixa título, remetem ao já citado álbum Jar Of Flies pela sua pegada acústica, que surge como um ponto de luz em meio ao clima sombrio e mórbido que figura todo o disco. Em contraponto “A Looking In View” e “Acid Bubble” (tão arrastada e pesada que faria o pessoal do Black Sabbath ruborizar-se), trazem um peso neandertalesco, que combinadas á tristeza na letra de “Lesson Learned”, fazem com que as canções ganhem moldes épicos.
A qualidade geral de Black Gives Way To Blue é tão alta que demonstra com galhardia que a banda não é apenas um reconhecido ícone dos anos 90, mas é também digna de ser considerada pelas futuras gerações. Reconectando-se às raízes sonoras do seu passado, o Alice In Chains dá uma lição de que ainda é possível se fazer rock de verdade nos dias de hoje.
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