domingo, 25 de julho de 2010

O Valor De Um Prêmio


Texto por Álvaro Freire Samways

Recentemente estava eu lendo as notícias sobre o mundo da música em um site quando uma delas me chamou a atenção. Esta notícia falava sobre 17º Prêmio Multishow de música brasileira, que estará acontecendo no dia 24 de agosto. Lá fui eu ler sobre isso, e não tive como não ficar pasmo com as 12 indicações do grupo NX Zero, nas mais diversas categorias. O pior nem é isso, o pior mesmo é o fato de que a massa que compõe os seus concorrentes por estes prêmios, é no mínimo de farinha do mesmo saco que eles.

São muitas categorias por isso usarei só uma pra exemplificar o que eu vi:

MELHOR GRUPO (concorrentes)

Banda Cine
Detonautas Roque Clube
Fresno
Hori
Jota Quest
NX Zero
Restart
Skank
Strike
Titãs

Esta lista de nomes abismais compõe as opções de voto que o internauta terá na página oficial deste prêmio na internet. Vamos primeiro analisar esta lista. Ela é composta de dois tipos de gente: os que estão na última moda, e os que são sustentados pelo que foram no passado.

Gente como Banda Cine, Fresno, Hori (do oportunista filho do cantor mela-cueca Fábio Júnior), Restart, Strike e o carro chefe NX Zero, são a própria expressão encarnada do declínio da industria musical que assola nosso país (e por que não o mundo todo) nestes últimos anos. Uma prova de que as gravadoras e empresários não estão nem ai para o talento de seus contratados, e que o que interessa mesmo é a quantidade de dinheiro que eles conseguem arrecadar de seus fãs zumbis, que não demonstram uma centelha de espírito crítico na hora de chorar por qualquer coisa que eles façam. Também são a personificação do termo “modismo”, demonstrando que basta a mídia pregar como algo bom para que toda uma turba de acéfalos venha a acreditar nisso. É só uma versão moderna do que Goebbels fazia durante o nazismo, que era “contar uma mentira mil vezes, até que ela se tornasse verdade”. É isso que estes artistas são: mentiras.

No outro pólo estão aqueles que ainda dão a volta olímpica pelos louros de vitórias do passado. Caras como Detonautas, Skank e Titãs já tiveram seus momentos de glória outrora, mas não conseguiram renovar seu público, que hoje é constituído por gente ainda daquela época. O Jota Quest até que se saiu bem nessa tarefa, mas isso é mais mérito do sucesso do vocalista Rogério Flausino com as fãs transbordantes de progesterona do que propriamente um mérito artístico. Estes nomes aparecem no prêmio apenas como uma forma de agradar este povo mais velho, e também alguns críticos musicais, por que pode ter certeza, eles não levarão prêmio algum. E o mais interessante de tudo é que isso é de responsabilidade da própria mídia. Ela quer que estes indivíduos ganhem estes prêmios promovidos por elas mesmas, pois isso trará mais lucro$, mas para que o prêmio seja algo válido e verossímil, elas fazem questão de dizer que é “sem marmelada” e de “cunho democrático”, baseando isso no argumento de que a votação é aberta ao público pela Internet, e que é de lá que vem os resultados. Será que este argumento é válido? Analisemos.

É a mídia de massa quem da forma, promove e soca goela abaixo de gente menos pensante (a grande maioria, infelizmente), bandas e artistas que durarão um ou dois álbuns desprovidos de qualquer molécula de talento, mas que durante este período ao sol, arrecadarão cifras milionárias tanto para si quanto para empresários, gravadoras, canais de TV, promoters de eventos, entre outros menos cotados. Depois de conquistar esta massa de gente, pra quem o botão “randon” do Ipod é mais importante que o ato de ouvir um disco por completo, eles garantem não só uma base de lucro, mas também estabilidade, pois estes serão os seres que votarão em seus artistas descartáveis nestas votações “democráticas” promovidas por eles.

Agora me diga: que chance um artista independente, que faz um trabalho de qualidade incontestável mas que esta longe da mídia de massa (talvez justamente por ter qualidade demais para estar neste tipo de mídia “povão”), teria numa votação destas, contra uma banda ridícula como este Cine, que apesar de nem saber conjugar o verbo “compor” em sua forma mais simples, tem todo um veículo de mídia lhe dando suporte? Claro, não teria a menor chance, tanto é que nem é relacionado, pois mesmo num quadro de “Revelações” figuram os nomes de porcarias que virão a substituir estas que hoje ocupam o trono, continuando a reproduzir este mercado fonográfico decadente e destituído cada vez mais de artistas genuínos, dotados de cérebros pensantes e talentos, antes dos rostinhos bonitos (sim, pasmem, mas há quem ache aquele visual escroto ostentado por seres como o bando Restart, algo legal, digno de inspiração).

Por isso é que pergunto: qual o valor de um prêmio? Ou melhor: qual o valor de um prêmio destinado exclusivamente à gente desqualificada? Um prêmio que só servirá de pretexto para afirmar um lixo como um artigo de luxo, vender um sabugo mastigado por uma capivara como uma fina iguaria. Resumindo, contar a mesma mentira por mil vezes para assim convertê-la em verdade. Mas essa é, graças a Deus, uma “verdade” que vai figurar só na cabeça de gente que tem preguiça de enxergar a realidade.

terça-feira, 13 de julho de 2010

CDs (Clássicos) SEPULTURA


Sepultura

Roots

(Roadrunner Records)

1996


Texto por Álvaro Freire Samways


Depois do sucesso e a repercussão mundial de Beneth The Remains, Arise e Chaos A.D. era mais do que esperado que o Sepultura fosse lançar algo bombástico no mercado musical, e isso veio na forma do álbum Roots de 1996. Primeiro deixarei bem claro: o álbum todo se chama The Roots Of Sepultura, e é uma compilação, sendo que o CD 1, chamado Roots, traz somente faixas inéditas, enquanto que o CD 2 é uma reunião de b-sides, covers e performances ao vivo da banda, desde sua formação em 1984. Neste artigo estarei falando somente do disco Roots, que é o disco de faixas inéditas que elevou o Sepultura ao patamar de banda de metal mainstream. Usando de elementos da cultura indígena brasileira, fosse em seus sons ou em suas letras, a banda (que na época contava com sua mais cultuada formação até hoje: Max Cavalera nos vocais e guitarras secundárias, Andréas Kisser na guitarra principal, Paulo Jr. no baixo e Iggor Cavalera na bateria) teceu uma combinação de canções tão intensa e meticulosa que os levou ao patamar de banda de trash-metal obrigatória para os amantes do estilo de qualquer parte do globo terrestre, sendo por muitos celebrada como a banda que iria dominar o estilo no mundo. Porém pouco tempo depois o carismático vocalista Max deixou o grupo, o que acabou por fazer a banda perder muita força e um pouco de seu prestígio entre uma parte dos fãs (mergulhando-a em uma crise que não foi superada nem pela subseqüente entrada do ótimo vocalista Derrick Green). Bom, pelo menos eles podem dizer que são a maior banda brasileira de todos os tempos (como se isso fosse pouca coisa) internacionalmente, pois nenhum outro grupo, mais que o Sepultura, figurou nos grandes festivais musicais, programas de TV, revistas e etc por todo o mundo do que eles.


Roots traz uma sucessão de temas brutais ao longo de suas 15 faixas, todas elas constituindo um trash/groove-metal até então nunca visto sendo praticado por banda nenhuma, pois unia temas brasileiros como musicas indígenas, baião e maracatu à fórmula pesada usada por gente como Slayer, Anthrax e Metallica, fazendo assim uma bela alusão ao seu título. O resultado desta união é a música que garantiu identidade própria ao Sepultura, além de um lugar entre estas supracitadas bandas como uma das maiores do mundo no estilo.


Logo de cara, em sua abertura com a célebre “Roots Bloody Roots” (obrigatória em todo e qualquer set list ao vivo da banda), a impressão que se tem é a de que a banda está tocando em plena floresta amazônica, sendo acompanhada pelos tambores de guerra xavantes. “Atittude” mantém o peso nas alturas, não abandonando os bons grooves, com Iggor Cavalera mostrando-nos o que aconteceria se caso Dave Lombardo tivesse ido passar uma temporada nas regiões remotas da Amazônia. “Cut-Throat” também usa de elementos tribais em seus arranjos, sendo tão densa quanto um muro de concreto de Alcatraz. Mas o mergulho total no clima indígena tupiniquim vem com a fanfarrona “Ratamahatta” (melhor do disco) logo em sua intro. Imagine a sensação de um gringo ao ouvir uma letra com versos como “fubanga, maloca, bocada”, “Zé do Caixão, Zumbi e Lampião” e “Vamo de detona essa porra!”. Lembrando que esta musica conta com a participação de Carlinhos Brown, que na época andava com o nome em alta.


Em “Breed Apart” a impressão que se tem é a de um inacreditável cruzamento de Nação Zumbi com Slayer, com uma intro maracatu e a presença de instrumentos como berimbau, e o peso paquidérmico das guitarras, baixo e vocalizações. Daí pra frente vêm uma ala de canções mais pesadas, sem tanta presença dos elementos brasucas, levando mais um trash-metal padrão ao ouvinte. “Straighthate” segue a linha “doom metal” enquanto “Spit” é uma pancada direta, derretendo em poucos minutos o cérebro dos desavisados. Já “Lookaway” é tão arrastada e pesada, que chega a angustiar o incauto ouvinte.“Dusted” e “Born Stubborn” seguem no clima pesado, mas essas tendendo bem mais pra um lado industrial, com Max potencializando no peso com seus urros mais inspirados.


Novamente retornam as músicas de clima indígena amazônico, com “Jasco” e seu violão direto das rodas caboclas do Pará, sendo seguida por “Itsári”, uma verdadeira dança de celebração indígena da tribo xavante gravada especialmente para entrar neste álbum. Depois destes devaneios tribais, segue a groovadíssima e ótima “Ambush”, que possui uma letra de protesto em favor da Amazônia, trazendo um riff musculoso de guitarra de Andreas e vários elementos da música cultural indígena em uma pausa que há em seu meio. “Endangerd Species” é outra que protesta contra os crimes e comércio de animais silvestres, trazendo um propício clima pesadíssimo para abordar tão triste tema. Para fechar o disco, a paulada “Dictatorshit”, um trash metal rapisíssimo adivindo lá da época Beneath The Remains.


Roots é a obra prima do Sepultura e um dos 5 maiores discos de trash-metal da história, sem sombras de dúvida. Se Max não tivesse abandonado o grupo nesta fase crítica, conseqüentemente o Sepultura poderia ter sido a maior banda do estilo no planeta Terra, mas isso, infelizmente, nós nunca saberemos. Só da mesmo pra ter certeza de que o Sepultura criou um jeito totalmente peculiar de tocar metal, misturando-o a ritmos tribais amazônicos, maracatu, baião e outros elementos presentes na cultura do norte do Brasil, garantindo assim uma identidade inimitável dentro de um estilo saturado por tantas bandas sem o menor resquício de criatividade. Nota-se essa face artística indígena no álbum como um todo, sendo que além da música toda a arte envolvida em desenhos nos encartes, pinturas no cd e etc segue esta linha, criando assim uma obra honesta em sua proposta em todos os momentos . Este disco é sem dúvida nenhuma, As Raízes Do Sepultura.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

O Revival É Uma Mentira


Texto por Álvaro Freire Samways

Nos dias atuais estamos encarando uma tendência ao Revival. Cada vez tentam trazer uma década passada de volta à tona, para nos dias atuais vivermos costumes, tendências, moda e músicas daquele período. A bola da vez encontra-se nos anos 90, com várias coisas daquela época retornando como artigo de moda as lojas (vide o retorno dos óculos Wayfarer nas cabeças de um monte de gente, seja famosa ou não), vídeo-games como os 16 Bits Mega Drive (que saudades!!!) e Super Nes, ou mesmo o 32 Bits Playstation tendo recordes de downloads por parte de seus respectivos emuladores, desenhos animados que faziam nossa cabeça, e claro, como não poderia deixar de ser, a música daquela época retornando.

Temos grandes bandas daquela época retornando, seja com suas formações originais ou não, como Alice In Chains e Soundgarden, só para citar dois exemplos de peso, além de gente que, como eu, cresceu naquela época e busca reviver os dias do rock alternativo com suas banda na atualidade. Tudo isso pode ser muito legal, trazer muitas emoções nostálgicas legais, mas, o Revival é uma mentira!

Por mais que seja adorável o sabor que vem à boca quando lembrarmos das coisas boas de nossos tempos de mais jovem, não adianta ficar mascarando a realidade de algo que se perdeu, usando para isso estes Revivals. Eles não dão certo. Nem são de verdade. Revivals não passam de golpes de mídia para justamente agradar pessoas que não conseguem se desgrudar daquilo que elas sabem que nunca mais poderão viver novamente. Um clássico exemplo são aqueles tiozinhos patéticos, barrigudos, de óculos e penteados “careca na frente com rabo de cavalo atrás”, cujo único papo numa rodinha com gente mais nova, é o de que música boa era aquela feita no passado, reclamando do presente e sentindo saudades da época em que o rock falava de dragões e fábulas da idade média. Realmente, ao encarar coisas como Fresno, NX Zero, Hevo 84, e outros desclassificados de mesmo calibre, não tem como não bater um misto de saudade e indignação por estar vivendo um presente tão tosco. Mas, no entanto, sempre houve gente fazendo música ruim, o que varia é só a quantidade, que aumentou exponencialmente há alguns anos. Isso por si só, não serve como desculpa.

Outra coisa que conta demais nessa hora, é o fato de que mesmo que várias bandas atuais voltassem a fazer aquele som do passado, você acha que alguém deixaria de ouvir as bandas daquela época para ouvir as atuais? Talvez até se prestasse a atenção nelas, mas nunca, em hipótese alguma, eu trocaria o bom e velho Nirvana de minha época de moleque, por alguma banda que apostasse nesta fórmula sonora e fosse advinda dos dias atuais. E pior, com certeza essas bandas seriam taxadas de plagiadoras, paga pau, ou sem criatividade, justamente por essa mídia, que hoje tenta com elas, ganhar dinheiro apostando nos sentimentos saudosistas que todos nós temos.

Já se fizeram Revivals de outras épocas também, lembro de que em minha época de garoto os anos 70 estavam “bombando”, com todo tipo de coisa que era moda naquela época retornando (até mesmo as asquerosas calças boca de sino estavam ganhando novos adeptos), e todo mundo que viveu aquela época (e gostou) já se encontrava derramando uma lágrima, esperançoso por uma volta àqueles dias. Entretanto, em questão de um ou dois anos, tudo aquilo virou poeira (graças a Deus as calças boca sino foram junto).

Depois foi a vez dos anos 80 retornarem, e isso aconteceu pouco tempo depois. Mas assim como aconteceu antes, na velocidade com que retornaram, foram esquecidos. Tempos depois foram ainda mais além, e resolveram resgatar os anos 60. Várias bandinhas que faziam aquele som “beatlemaniaco” ganharam a mídia de documentários sobre o “Resgate dos anos 60” que estava acontecendo. Em menos de um piscar de olhos, gente como os Faichecleres (quem?!?!?) voltaram pro anonimato, junto com o Revival que ajudaram a criar.

Outra modalidade de Revival mais peculiar é quando algum artista resolve falecer. Geralmente quando isso acontece, uma avalanche de coisas relacionadas ao indivíduo começa a ser veiculada/explorada por todo tipo de meios, do programa de horário nobre até a banquinha de cds piratas da praça. Um caso atual aconteceu com o maior de todos os artistas pop a pisar na crosta terrestre em todos os tempos: Michael Jackson.

É incontestável o talento deste homem, e a contribuição que ele deixou para a indústria musical (talvez a maior em todos os tempos), tanto é que nem existem palavras para mensurá-la. Mas sejamos francos, quem é que ligava para Michael Jackson ultimamente? Assim como a qualidade e criatividade de seus discos, que após o irregular Dangerous de 1992, veio somente a decair, o genial artista de outrora veio a mergulhar permanentemente no ostracismo. O único motivo de ele ser assunto em mídia, ou mesmo rodas de bate papo era por algum escândalo envolvendo seu nome. Seja quando protagonizava alguma nova trapalhada judicial, ou quando algum novo gosto duvidoso e estranho era revelado por alguém próximo, ou quando sua aparência (quem nunca fez chacota com sua pele draculianamente pálida, seu “nariz de massinha” ou qualquer outra de suas plásticas, que mais pareciam um serviço de borracharia mal feito) recebia nova “homenagem” em forma de piadinha. Nenhuma musica dele era tocada em rádio, nenhum clipe exibido em programas de TV, nem tampouco se comentava sobre a genialidade que até mesmo ele havia esquecido que tinha. Mas de repente Michael Jackson morre, e o que acontece? Uma enxurrada de revivalismo em torno de sua pessoa e sua obra tomam conta do globo. Seria mesmo ótimo que gerações mais novas, acostumadas com o nome “pop” sendo associado à gente ridícula como Lady Gaga, Britney Spears, Kesha e outras aberrações, pudesse reconhecer o nome pop em um artista verdadeiro, que transbordava talento em seu auge, e que mudou todo o conceito de vídeo clipes, shows, danças e o diabo a quatro, de uma forma que estivesse sendo dignamente reconhecida pela mídia e público. Digo que seria, por que tudo não passou de uma forma de se sugar o máximo de dinheiro possível de um fato lamentável, sem o menor respeito e consideração por obra e artista, e isso foi coisa que nem os parentes do próprio Michael deixaram de fazer, diga-se de passagem, (a irmã LaToya chegou a encostar um caminhão na entrada da mansão e pegou um monte de coisas da residência, enquanto o maquiavélico e mau caráter do seu pai aproveitou a morte de Jackson para promover seu selo), vide o circo de bizarrices que foi seu velório, vendido por cifras milionárias para TVs do mundo todo, e o mega sucesso do documentário “This Is It”, também em escala global.

Um ano se passou desde que Michael Jackson nos deixou, e o que sobrou do barulho que foi feito em torno de seu nome? Nada. Todos os que não o conheciam e não eram seus admiradores genuínos voltaram a ouvir as músicas de sempre, e não “Billy Jean” (que havia voltado à moda), seus discos voltaram a ter as vendas habituais, e não a explosão póstuma de procura por parte da população, e seus clipes voltaram para a sessão “flashback” das paradas, que é onde já figuravam há muito tempo. O Revival aproveitou-se do peso da morte de Michael Jackson para trazê-lo de volta, fazer dinheiro com seu nome, e logo após isso, jogá-lo no limbo novamente. E é isso que acontece sempre, em todos os casos.

Por isso, baseado em fatos, é que digo que não se deve esperar nada destes Revivals que vêm nos visitar a mais ou menos cada cinco anos, e que vão embora em questão de 5 meses. Não digo que o passado deve ser jogado no lixo logo que o presente o faça ter essa justa condição de coisa que se foi, muito pelo contrário. O que digo é que esperar voltar a viver como no passado, achando que o Led Zeppelin realmente será o que foi antes (e não aquela coisa horrorosa que se apresentou em Londres no O2 Arena a algum tempo), que o vinil realmente dominará o mercado outra vez, e que todas as mulheres irão se casar virgens novamente, é algo imbecil. Isto já se foi, e o que se vive hoje (feliz ou infelizmente), é o resultado dessa suposta evolução. Digo então que a melhor forma de cultuar o passado que tanto nos agradou é transformando-o em história, para que ele nunca seja esquecido nem morto, mas que venha à nossa cabeça como algo agradável, que marcou nossos dias de antes, sem, por isso, precisarmos negar o presente em que estamos inseridos.

E quando for para nosso passado ser lembrado, que não seja com pesar, como se o fim dessa era recordada representasse a chegada do Armaggedon, mas sim com alegria, sentindo real prazer por poder ter tido o privilégio de presenciar tudo aquilo. O passado pode ter sido bom, mas, ele jamais voltará. Essa é que é a verdade.