Texto por Álvaro Freire Samways
São muitas categorias por isso usarei só uma pra exemplificar o que eu vi:
MELHOR GRUPO (concorrentes)
Banda Cine
Detonautas Roque Clube
Fresno
Hori
Jota Quest
NX Zero
Restart
Skank
Strike
Titãs
Esta lista de nomes abismais compõe as opções de voto que o internauta terá na página oficial deste prêmio na internet. Vamos primeiro analisar esta lista. Ela é composta de dois tipos de gente: os que estão na última moda, e os que são sustentados pelo que foram no passado.
Gente como Banda Cine, Fresno, Hori (do oportunista filho do cantor mela-cueca Fábio Júnior), Restart, Strike e o carro chefe NX Zero, são a própria expressão encarnada do declínio da industria musical que assola nosso país (e por que não o mundo todo) nestes últimos anos. Uma prova de que as gravadoras e empresários não estão nem ai para o talento de seus contratados, e que o que interessa mesmo é a quantidade de dinheiro que eles conseguem arrecadar de seus fãs zumbis, que não demonstram uma centelha de espírito crítico na hora de chorar por qualquer coisa que eles façam. Também são a personificação do termo “modismo”, demonstrando que basta a mídia pregar como algo bom para que toda uma turba de acéfalos venha a acreditar nisso. É só uma versão moderna do que Goebbels fazia durante o nazismo, que era “contar uma mentira mil vezes, até que ela se tornasse verdade”. É isso que estes artistas são: mentiras.
No outro pólo estão aqueles que ainda dão a volta olímpica pelos louros de vitórias do passado. Caras como Detonautas, Skank e Titãs já tiveram seus momentos de glória outrora, mas não conseguiram renovar seu público, que hoje é constituído por gente ainda daquela época. O Jota Quest até que se saiu bem nessa tarefa, mas isso é mais mérito do sucesso do vocalista Rogério Flausino com as fãs transbordantes de progesterona do que propriamente um mérito artístico. Estes nomes aparecem no prêmio apenas como uma forma de agradar este povo mais velho, e também alguns críticos musicais, por que pode ter certeza, eles não levarão prêmio algum. E o mais interessante de tudo é que isso é de responsabilidade da própria mídia. Ela quer que estes indivíduos ganhem estes prêmios promovidos por elas mesmas, pois isso trará mais lucro$, mas para que o prêmio seja algo válido e verossímil, elas fazem questão de dizer que é “sem marmelada” e de “cunho democrático”, baseando isso no argumento de que a votação é aberta ao público pela Internet, e que é de lá que vem os resultados. Será que este argumento é válido? Analisemos.
É a mídia de massa quem da forma, promove e soca goela abaixo de gente menos pensante (a grande maioria, infelizmente), bandas e artistas que durarão um ou dois álbuns desprovidos de qualquer molécula de talento, mas que durante este período ao sol, arrecadarão cifras milionárias tanto para si quanto para empresários, gravadoras, canais de TV, promoters de eventos, entre outros menos cotados. Depois de conquistar esta massa de gente, pra quem o botão “randon” do Ipod é mais importante que o ato de ouvir um disco por completo, eles garantem não só uma base de lucro, mas também estabilidade, pois estes serão os seres que votarão em seus artistas descartáveis nestas votações “democráticas” promovidas por eles.
Agora me diga: que chance um artista independente, que faz um trabalho de qualidade incontestável mas que esta longe da mídia de massa (talvez justamente por ter qualidade demais para estar neste tipo de mídia “povão”), teria numa votação destas, contra uma banda ridícula como este Cine, que apesar de nem saber conjugar o verbo “compor” em sua forma mais simples, tem todo um veículo de mídia lhe dando suporte? Claro, não teria a menor chance, tanto é que nem é relacionado, pois mesmo num quadro de “Revelações” figuram os nomes de porcarias que virão a substituir estas que hoje ocupam o trono, continuando a reproduzir este mercado fonográfico decadente e destituído cada vez mais de artistas genuínos, dotados de cérebros pensantes e talentos, antes dos rostinhos bonitos (sim, pasmem, mas há quem ache aquele visual escroto ostentado por seres como o bando Restart, algo legal, digno de inspiração).
Por isso é que pergunto: qual o valor de um prêmio? Ou melhor: qual o valor de um prêmio destinado exclusivamente à gente desqualificada? Um prêmio que só servirá de pretexto para afirmar um lixo como um artigo de luxo, vender um sabugo mastigado por uma capivara como uma fina iguaria. Resumindo, contar a mesma mentira por mil vezes para assim convertê-la em verdade. Mas essa é, graças a Deus, uma “verdade” que vai figurar só na cabeça de gente que tem preguiça de enxergar a realidade.