segunda-feira, 31 de maio de 2010

Velando a Arte.


Texto por Álvaro Samways.

Nestes últimos meses temos assistido a uma invasão de duplas sertanejas na mídia nacional brasileira de proporções tão gigantescas, que acabaram retomando um fenômeno que não era visto desde os saudosos anos 90. Naquela época, surgiam jovens cantores que tentavam dar uma roupagem mais pop radiofônica para a então musica sertaneja de duplas mais antigas de gente como os hoje octagenários Tonico (in memorian) e Tinoco, Pena Branca e Xavantinho, Milionário e José Rico entre outros nomes. Estes supracitados tinham uma má fama na grande mídia, pois sua música era acusada de ser “coisa de bordel”, “coisa pra caipira”, “coisa pra caminhoneiro”, “coisa brega” entre outros estigmatizantes apelidos menos cotados. Os jovens rapazes goianos dos anos 90 propunham uma música sertaneja mais despojada dos temas caipiras dos pioneiros, calcando suas letras em temas românticos, onde a mulher amada sempre o deixava para ir ter com outro (muuuuuuuuuuuuuuuuhh!!!). Estes jovens rapazes goianos eram ninguém menos que os hoje cinqüentenários Chitãozinho e Xororó, Zezé di Camargo e Luciano, Leandro (in memorian) e Leonardo, e também alguns nomes de menor expressão como Gian e Giovani, João Paulo e Daniel, etc.

De fato o sucesso radiofônico veio para eles, e a música sertaneja, que já não era tão sertaneja assim, invadiu os lares de qualquer brasileiro que morasse em algo que não fosse uma maloca na floresta amazônica. O sucesso foi tamanho que especiais musicais televisionados foram criados (quem não se lembra do especial A-M-I-G-O-S da Rede Globo?), produtos exclusivos destes artistas foram inventados (tem até filme que foi mega-sucesso de bilheteria sobre a trajetória de uma destas duplas que é filha de um tal Francisco), e mesmo os filhos de alguns deles se arriscaram ao sucesso com o patrocínio camarada de seus pais (a irmãzinha bonitinha e o irmãozinho sem talento algum). E quando Leandro morreu, no ano de 1998, a comoção nacional foi tanta que levou milhares de pessoas ao seu enterro (quando Tonico morreu em 1994, quase ninguém lembrou disso).

Estes hoje homens de meia idade, atualmente vivem os louros do sucesso daquela época, visto que não têm como competir com a “terceira geração” da música sertaneja, já batizada pelos meios de comunicação com o nome de “Sertanejo Universitário”. Estes últimos apostam numa “música” que vai além do que os garotos de Goiás faziam em sua época. O visual “chapéubotacalçaarroxadacomcintodefivela” foi substituído por roupas de grife (o que pode ainda incluir algum dos acessórios anteriormente citados), as letras ganharam outros temas, como festas universitárias e seus conteúdos, que vão de bebida e azaração, até amores hedonistas momentâneos (ficar e no outro dia nem saber quem é a pessoa é a regra básica), além de poemas vazios sobre sofrimento amoroso onde uma camada extra de melaço foi derramada, transformando a antiga “dor de corno” dos goianos ex-plantadores de tomate, em uma verdadeira “tortura de corno”. Também entram temas machistas em voga como dinheiro, mulheres, carros, e outras coisas em duplo sentido, só “pra macho”.

Adentrei-me neste túnel do tempo somente para nestas mal traçadas linhas, situar-lhe no contexto que nos fez chegar ao que a antiga música caipira virou hoje. De como a música que falava dos temas pertinentes à vida do homem do campo despojou-se de qualquer resquício de verossimilidade, tornando-se apenas uma máquina cega de ganhar dinheiro. Quero deixar algo bem claro: eu não gosto de música caipira, aliás, muuuuito pelo contrário. Mas se o que caras como Pedro Bento e Zé da Estrada, Sérgio Reis, Tonico e Tinoco e tantos outros fizeram em seu tempo não são dignos de minha adimiração, o são então de meu respeito e reconhecimento, pois apesar de ser chata àbeça, a antiga música sertaneja é ainda assim uma forma artística verdadeira e fiel de expressão daquilo que eles viviam, fosse em seus sítios, fazendas ou roças. Como sabemos música na teoria é: “uma forma de arte que constitui-se basicamente em combinar sons e silêncio seguindo ou não uma pré-organização ao longo do tempo, para com eles expressar os afetos da alma” (Dicionário Aurélio XXI). Já os nossos A-M-I-G-O-S na sua época deceparam grande parte da arte contida na música sertaneja, misturando-a com outras coisas que nada tinham a ver com o contexto do homem do sertão. Agora analise então o que esta geração do “Sertanejo de Balada” está fazendo em nome da bandeira musical que escolheram levantar.

Para começar o nome deste tipo de música já é risível. Como algo poder ser “Sertanejo Universitário”??? Quantos sertanejos, daqueles que vivem no sertão semi-árido da Paraíba, por exemplo, você viu chegarem à graduação em alguma Faculdade ??? Quão pouco alguns deles são alfabetizados, menos ainda saberem o que é uma “balada universitária com mulher free e open bar”. Outra questão é que muitos dos tais cantores e duplas sertanejas dessa nova moda sequer têm suas raízes no campo (o principal expoente do novo sertanejo é a cidade de Campo Grande no Mato Grosso, coincidentemente uma das 15 maiores regiões urbanas do Brasil...). Evidenciam-se ainda, letras que nada tem a ver com o que um homem do campo genuíno escreveria levando-se em conta sua vida cotidiana.

Alguns podem alegar que esta é a evolução daquilo que se chamava música sertaneja no passado. Mas eu indago a vocês meus caros seres pensantes: como uma coisa pode evoluir cortando totalmente os laços com aquilo que era no passado? Pelo menos na história da música nota-se que isso é algo impossível de se consumar, pois todos os estilos que evoluíram de outros (e na real TODOS evoluíram de algum outro) ainda guardam muito mais que o nome do seu predecessor. Um exemplo foi o New Metal (ou Nu Metal como preferir) que surgiu no fim dos anos 90. Apesar de bandas como Korn, Slipknot, System Of a Down e outras deste estilo estarem á anos luz de distância, em termos de sonoridade, das bandas de metal e trash clássicas como Black Sabbath, Iron Maiden, Helloween, Slayer, Anthrax entres outras, elas ainda guardam muitas características identificáveis do berço de onde vieram. Neste “New Sertanejo” das baladas de quinta, todo o contexto musical daquilo que era o estilo clássico de se fazer este tipo de música foi abandonado. Pormenorizando: a arte (que é o fator X) neste estilo musical, morreu.

O que se vê tocando em alto e em (nada) bom som nos carros tunados, é uma música totalmente voltada a fins comerciais, sem a menor sombra de talento e principalmente, de ímpeto artístico. Um lixo de qualidade nula, feito pra durar algumas temporadas na TV e no Rádio, fazer fortuna para um bando de picaretas exploradores, e logo ser esquecido, assim como os “artistas”(favor ler essa palavra com o máximo de sarcasmo possível) que a protagonizavam.

E esta não é uma regra válida só para o tal “Sertanejo Univer$itário”. A classe que mais povoa nossos meios de comunicação, é a de pessoas oportunistas, sem um átomo de talento e ímpeto artístico, buscando fortuna fácil a promoção rápida à classe de celebridade. E isso vai desde o barulho (recuso-me a chamar isso de música) feito por gente desclassificada como Parangolé, Tati Quebrabarraco, Sorriso Maroto, Lady Gaga, Justin Bieber, RBD, NX Zero, Malu Magalhães, Cine e outras porcarias, até às patetices protagonizadas pelas moças e rapazes sarados do BBB. Não só na música, mas em todas as áreas, temos “talentos” de plástico, indefiníveis exatamente por não existirem. Vide “modelos-atrizes” que só sabem atuar com a bunda, escritores bestsellerizáveis que usam de alquimistas e bruxos pra entreter com ignorância, filmes totalmente ridículos que lotam suas sessões com platéias de adolescentes (mesmo adultos) não muito bem resolvidos, em busca de verem-se refletidos no amor impossível “vampiro X garotinha bonita”, quadros de entrevista onde entrevistador e entrevistado não possuem realmente nada de interessante a declarar, entre taaaantas e taaaaantas porcarias descartáveis que são glutidas dia após dia por uma massa de zumbis que parecem ter vácuo entre uma orelha e outra.

O que realmente se presencia como produto de toda esta equação que envolve a sociedade é a morte trágica e agonizante da Arte. Aquilo que deveria ser o objetivo, torna-se algo descartável, apenas um apêndice totalmente esquecido em prol do todo poderoso dinheiro. É meu amigo, a Arte está num caixão. Resta a nós seres críticos, cultuá-la postumamente com as músicas/ filmes/ livros hoje esquecidas pela máquina do lucro, lembrando que um dia ela, a Arte, realmente foi o centro das atenções tanto dos artistas como de seus apreciadores.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Abra sua mente, vampiro também é gente !



















Crepúsculo
(Twilight)
EUA/2008
Romance - 122 min.
Paris Filmes

Texto por Jean de Oliveira

Nos dias de hoje, se você possui algum contato com as informações do que acontece no mundo, já deve ter ouvido falar da saga Crepúsculo, um best-seller que veio a se tornar uma franquia bem sucedida de filmes em Hollywood, e que vem arrebatando cada vez mais a juventude de hoje em dia. Um verdadeiro fenômeno da atualidade, que faz toda garota sonhar em encontrar um vampiro como Edward para amá-la e protegê-la (até que surjam novas tendências e um novo ídolo a ser idolatrado). Mas se você mora em uma caverna e esta é a primeira vez que você acessa a internet, justamente para ler este blog, então aqui vai um resumo sobre o enredo.

Crepúsculo é um filme que conta com sua "originalidade" para atrair o público, apelando para o lado sombrio, os vampiros, para trazer mais uma vez à tona o tema: Romance proibido e imensamente entediante.
O roteiro baseado no best-seller de Meyer, narra a história de amor entre uma garota normal e um vampiro, sendo o maior obstáculo entre os dois o temor do vampiro em mordê-la.
Tudo começa quando Bella vai morar na casa de seu pai, com quem ela não tem um bom relacionamento (isso em momento algum é explicado no filme) em Forks, uma cidadezinha nublada e sem graça. Desanimada e achando que nunca vai se adaptar a vida caipira, ela entra para a escola local e para sua surpresa é muito bem aceita pelos alunos, principalmente os rapazes (porque será?). Mas durante o intervalo ela fica intrigada com um grupo pálido com uma maquiagem mal feita que se senta sempre em uma mesa isolada.
Quando Bella entra na sala de biologia todos os lugares estão ocupados, menos o que fica ao lado do garoto pálido chamado Edward. Ela senta-se ali, mas os dois não trocam nenhuma palavra.
Tudo entre os dois continua neste gelo até que em um belo dia, ou melhor, em um nublado dia, um carro quase atropela Bella, mas Edward a salva. Bella fica confusa e não entende como ele pode ter salvado ela a tempo, como conseguiu ser tão rápido. Bella exige uma explicação, mas ele sempre alega que os dois não devem se aproximar, mesmo quando Bella esta longe e ele se aproxima apenas para reforçar o aviso. Esta dinâmica se repete diversas vezes (umas 2516251651 vezes) durante o filme até que Bella se dá conta de que está no século XXI, e que existe alguém que pode lhe dar todas as respostas além de Edward: o todo poderoso Google. Bastou ela perguntar o porquê das mãos dele serem tão geladas que Google tinha a resposta: Edward era um vampiro.
E é nesta hora que surge um dos momentos de maior tensão no filme: Bella "deduz” (com a ajuda do Google é claro) que Edward é um vampiro e começa a dizer as pistas em voz alta (momento de deixar Sherlock Holmes com inveja). Mas é exatamente em seguida que vem minha cena favorita, quando Edward sai no Sol e fica brilhando (uma das inovações, se não "A" mais estúpida de Meyer. Bram Stoker deve ter se revirado no túmulo) para mostrar que é um vampiro.
Pronto a partir de agora se prepare para longos minutos entediantes e sem progressão na história, acompanhados de falas como “então o leão se apaixona pelo cordeiro” ou “eu não tenho mais forças para ficar longe de você”, dentre outras muito mais meladas que estas, e que pior ainda, ocorrem inúmeras vezes em uma mesma cena.
Parece que o romance entre os dois é tão envolvedor que a roteirista até esqueceu que o filme precisava de um vilão. E agora, então ela pensou "vou colocar um vampiro mal que gosta de matar humanos" (quanta originalidade não?!). E foi assim que surgiu o vampiro chamado James, que começa a perseguir Bella, sem nenhum motivo aparente, e sim apenas porque ele gosta de caçar. Mas não há com o que se preocupar, pois a donzela pode estar em perigo, mas Edward irá salvá-la.

Crepúsculo usa e abusa dos clichês mais conhecidos do cinema, como o romance proibido, o apelo emocional "para proteger finge não gostar", como Edward fez para Bella e ela mais tarde faz com seu pai, o mocinho sempre salva a garota dos caras maus, entre outros. E quando tenta inovar acaba pecando violentamente, como quando o vampiro porpurinado brilha ao Sol como um carnavalesco no Rio de Janeiro. Além de outros acintes, como o fato dos vampiros não beberem sangue e ainda terem um relacionamento com uma humana. Pura cópia de outras obras, como o bom e velho Louis de Pointe du Lac, que em Entrevista com o vampiro de Anne Rice se recusa a matar pessoas para seu sustento, ou então no romance entre a caçadora Buffy e o duzentenário Angel (mas este é assunto para um outro post talvez).
A historia do filme em si já é muito fraca, e como se isso não bastasse, os atores comprometem ainda mais o filme com suas pífias atuações. Como Pattinson e seu batom vermelho para realçar os seus lábios de caçador da noite, mas sem presas, que durante o decorrer do filme não se preocupa em ser um bom ator, mas sim em ficar fazendo poses, como se tivesse fotografando para as capas de caderno da Capricho ou em ser a matéria exclusiva da Todateen. E não podemos esquecer Kristen Stewart, que parece sempre estar desconfortável durante a projeção. Com suas expressões (ou melhor, excesso delas) deixa o filme monótono e irritante. Mas mesmo com tudo isso, não faz mal Kristen, pois você é bonita e é isso que importa.
Outro fator curioso que não pude deixar de notar é que apesar de roteirizado e dirigido por mulheres a partir de um livro escrito por outra, o filme é surpreendentemente machista ao transformar em heroína uma garota disposta a abrir mão de tudo para seguir um homem. Ela abandona família, seus projetos pessoais e até mesmo a vida apenas para poder contar com o privilégio de ser a esposa de um vampirão (a essa altura Drácula já deve ter batido uma estaca no próprio coração).
Parece que a roteirista nunca assistiu algo como Casablanca ou se quer ouviu falar sobre a estória de Scarlett O'Hara. Mesmo assim o romance de Crepúsculo faz sucesso. Mas, pensando bem, talvez isto seja apropriado, já que as adolescentes (e alguns garotos) que gritam histericamente ao ver Robert Pattison, também não.

domingo, 23 de maio de 2010

Uma Puta Falta de Sacanagem !!!


Texto por Álvaro Samways.


A esta altura você também já deve ter assistido uma das cenas mais decepcionantes da Internet e da TV nos últimos tempos (caso não tenha visto aqui está http://www.youtube.com/watch?v=lmGJinJnA5k&feature=related). A cena trata de uma reportagem, veiculada pelo canal de Internet Folha Online, onde uma turba de crianças/adolescentes desprovidos de qualquer molécula de inteligência e noção do ridículo expõem suas tristes figuras abatidas, revoltadas e injuriadas pelo cancelamento de uma tarde de autógrafos com uma banda de 23ª categoria chamada Restart.

No vídeo os fãs da tal “banda” aparecem demonstrando toda o seu baba-ovismo e falta de inteligência. Uma garota num primeiro momento mostra-se disposta a não desistir nunca de seu artista/objeto de desejo. Um não menos vexatório rapaz (lá não muito rapaz assim), relata que estava desde as 4 da manhã acordado a espera do histórico momento. Uma terceira fã (se contarmos o rapaz como algo de gênero indefinido), protagoniza o ponto alto da infame cena: entre prantos ela diz achar uma “puta falta de sacanagem” o que acontece no recinto, pois ela estava sem comer a horas, e tomou uns “chegas pra lá” nada delicados por parte da segurança do evento só pra ver seus ídolos e ganhar deles um pouco de atenção.

Nem vou discutir o fato da banda em si ser menos do que lixo em qualquer quesito musical possível e impossível de se analisar, tampouco o por que de uma aberração musical ululante como esta fazer sucesso neste nosso país. O que eu quero colocar em ênfase é como o artista ou membro de uma banda demonstra nenhum respeito pelo seu fã. Claro que existem algumas exceções, mas a maioria esmagadora é tratada da forma como se vê no vídeo: com descaso, arrogância e imbecilidade.

Desmoralizados em um veículo de mídia nacional, estes jovens fãs não pagaram apenas um papel de idiotas, eles também demonstraram um completo desrespeito para consigo mesmos, uma atitude típica daquele tipo de fã histérica que se propõe a agüentar todo tipo de humilhação caso isso lhe proporcione uma maior proximidade com seu ídolo.

Claro que levar uns pescotapas da polícia e de seguranças truculentos não é nada se comparado ao ato de ouvir uma única música desta “banda” (“bando” melhor conceituando) do início ao fim. Pois como diz uma velha teoria, cada fã tem o ídolo que lhe completa. Ao que parece, e de forma lamentável, estes adolescentes parecem não se importar com todo o acontecido, pois mesmo o mais indignado e revoltoso ser que aparece naquele vídeo, prometendo cumprir a terrível ameaça de “xingar muito no twiter”, parece não estar revoltado com a banda , e sim direciona a culpa do ato á “organização”, aos seguranças, e a outros fãs, que teriam tentado invadir o local de pequena capacidade de público. Tudo isso deixa bem claro á que ponto um artista consegue moldar a mente de uma pessoa ingênua, ponto este de poder brincar com sua imbecilidade sem que ela sequer suspeite disso. É como se dissessem: “é isso que vocês que compram nossos cds, vão aos nossos shows e querem nosso autógrafo merecem: uma boa escovada da polícia”.

Algo precisa ser feito nesta pirâmide de estultícia o mais cedo possível. Pois do contrário, teremos num futuro não distante, massas inteiras de idiotas babões (basta olhar a comunidade oficial no Orkut da tal banda para fazer você temer pelo que seus filhos e netos aguardam). É de fazer perder a fé até o mais entusiasmado otimista! Da vontade de defender a tese de que algumas pessoas deveriam ser proibidas de se reproduzir. E isto não se restringe ao nosso Brasilsão não, é algo que acontece em escala mundial!

A algum tempo atrás li no Yahoo um ótimo texto escrito pelo colunista e crítico musical de plantão Régis Tadeu. Este texto causou até certa indignação por justamente uma grande parte destes indivíduos pouco pensantes, que não conseguem ver sua cegueira ser tratada com tintas racionais. Deixo aqui e peço encarecidamente que leiam, pois este texto embasa e complementa tudo que escrevi aqui.

Aqui está o trecho que penso ser o central:

Por Regis Tadeu, colunista do Yahoo! Brasil



Todo Fã é Um Idiota!


Sim, é isso mesmo o que você acabou de ler aí no título deste artigo.
Antes de tudo, é preciso deixar claro: fã é todo aquele ser que chora por seu ídolo, que coleciona pastas e pastas com fotos de seu objeto de desejo, que tem seu quarto forrado de pôsteres do alvo de seu fanatismo (palavra que, não à toa, originou o termo "fan" ou "fã", dando uma 'abrasileirada'), que chora na porta de camarim, que passa dias e dias na fila, esperando o momento de entrar no local onde acontecerá o show de seu "amor não correspondido". Ou seja, é o retrato nu e cru, despido de qualquer racionalidade, de um idiota.
Se você é daquelas pessoas que adora o seu ídolo de uma maneira eqüilibrada, que aprecia o seu trabalho quando o cara manda bem, mas reconhece as pisadas na bola e os vacilos, então você não é um fã, mas sim um admirador. Você simplesmente gosta da banda ou de quem quer que seja. Você não o ama, não chora por ele, não grita, não se desespera quando um pedido de autógrafo é recusado, não pensa em cortar os pulsos quando recebe a notícia que seu "amor" vai se casar com uma outra pessoa que não é você. Você não é um fã. Você não é um imbecil.
E a verdade precisa ser dita, mesmo que ela seja muito dolorida para quem está lendo este artigo neste exato momento: o artista também acha que o seu fã é um idiota.
Ele sabe que esse amor desmedido é uma bobagem, um transtorno hormonal muito comum em adolescentes - embora sejam freqüentes os casos de pessoas mais velhas se portanto como bobalhões (em caso de dúvida, vá até a porta de um hotel de luxo que esteja hospedando um artista internacional e veja com seus próprios olhos).
O artista quer que você compre o disco dele e vá aos shows, que demonstre explicitamente a sua devoção comprando a camiseta da turnê, a edição especial do CD que está sendo "trabalhado" na turnê, o chaveirinho, o imã de geladeira. Todo artista no fundo, pensa "me ame, me idolatre, compre todas as bugigangas que eu soltar no mercado, mas fique longe de mim". Lamento, mas esta é a pura verdade.”