quarta-feira, 26 de maio de 2010

Abra sua mente, vampiro também é gente !



















Crepúsculo
(Twilight)
EUA/2008
Romance - 122 min.
Paris Filmes

Texto por Jean de Oliveira

Nos dias de hoje, se você possui algum contato com as informações do que acontece no mundo, já deve ter ouvido falar da saga Crepúsculo, um best-seller que veio a se tornar uma franquia bem sucedida de filmes em Hollywood, e que vem arrebatando cada vez mais a juventude de hoje em dia. Um verdadeiro fenômeno da atualidade, que faz toda garota sonhar em encontrar um vampiro como Edward para amá-la e protegê-la (até que surjam novas tendências e um novo ídolo a ser idolatrado). Mas se você mora em uma caverna e esta é a primeira vez que você acessa a internet, justamente para ler este blog, então aqui vai um resumo sobre o enredo.

Crepúsculo é um filme que conta com sua "originalidade" para atrair o público, apelando para o lado sombrio, os vampiros, para trazer mais uma vez à tona o tema: Romance proibido e imensamente entediante.
O roteiro baseado no best-seller de Meyer, narra a história de amor entre uma garota normal e um vampiro, sendo o maior obstáculo entre os dois o temor do vampiro em mordê-la.
Tudo começa quando Bella vai morar na casa de seu pai, com quem ela não tem um bom relacionamento (isso em momento algum é explicado no filme) em Forks, uma cidadezinha nublada e sem graça. Desanimada e achando que nunca vai se adaptar a vida caipira, ela entra para a escola local e para sua surpresa é muito bem aceita pelos alunos, principalmente os rapazes (porque será?). Mas durante o intervalo ela fica intrigada com um grupo pálido com uma maquiagem mal feita que se senta sempre em uma mesa isolada.
Quando Bella entra na sala de biologia todos os lugares estão ocupados, menos o que fica ao lado do garoto pálido chamado Edward. Ela senta-se ali, mas os dois não trocam nenhuma palavra.
Tudo entre os dois continua neste gelo até que em um belo dia, ou melhor, em um nublado dia, um carro quase atropela Bella, mas Edward a salva. Bella fica confusa e não entende como ele pode ter salvado ela a tempo, como conseguiu ser tão rápido. Bella exige uma explicação, mas ele sempre alega que os dois não devem se aproximar, mesmo quando Bella esta longe e ele se aproxima apenas para reforçar o aviso. Esta dinâmica se repete diversas vezes (umas 2516251651 vezes) durante o filme até que Bella se dá conta de que está no século XXI, e que existe alguém que pode lhe dar todas as respostas além de Edward: o todo poderoso Google. Bastou ela perguntar o porquê das mãos dele serem tão geladas que Google tinha a resposta: Edward era um vampiro.
E é nesta hora que surge um dos momentos de maior tensão no filme: Bella "deduz” (com a ajuda do Google é claro) que Edward é um vampiro e começa a dizer as pistas em voz alta (momento de deixar Sherlock Holmes com inveja). Mas é exatamente em seguida que vem minha cena favorita, quando Edward sai no Sol e fica brilhando (uma das inovações, se não "A" mais estúpida de Meyer. Bram Stoker deve ter se revirado no túmulo) para mostrar que é um vampiro.
Pronto a partir de agora se prepare para longos minutos entediantes e sem progressão na história, acompanhados de falas como “então o leão se apaixona pelo cordeiro” ou “eu não tenho mais forças para ficar longe de você”, dentre outras muito mais meladas que estas, e que pior ainda, ocorrem inúmeras vezes em uma mesma cena.
Parece que o romance entre os dois é tão envolvedor que a roteirista até esqueceu que o filme precisava de um vilão. E agora, então ela pensou "vou colocar um vampiro mal que gosta de matar humanos" (quanta originalidade não?!). E foi assim que surgiu o vampiro chamado James, que começa a perseguir Bella, sem nenhum motivo aparente, e sim apenas porque ele gosta de caçar. Mas não há com o que se preocupar, pois a donzela pode estar em perigo, mas Edward irá salvá-la.

Crepúsculo usa e abusa dos clichês mais conhecidos do cinema, como o romance proibido, o apelo emocional "para proteger finge não gostar", como Edward fez para Bella e ela mais tarde faz com seu pai, o mocinho sempre salva a garota dos caras maus, entre outros. E quando tenta inovar acaba pecando violentamente, como quando o vampiro porpurinado brilha ao Sol como um carnavalesco no Rio de Janeiro. Além de outros acintes, como o fato dos vampiros não beberem sangue e ainda terem um relacionamento com uma humana. Pura cópia de outras obras, como o bom e velho Louis de Pointe du Lac, que em Entrevista com o vampiro de Anne Rice se recusa a matar pessoas para seu sustento, ou então no romance entre a caçadora Buffy e o duzentenário Angel (mas este é assunto para um outro post talvez).
A historia do filme em si já é muito fraca, e como se isso não bastasse, os atores comprometem ainda mais o filme com suas pífias atuações. Como Pattinson e seu batom vermelho para realçar os seus lábios de caçador da noite, mas sem presas, que durante o decorrer do filme não se preocupa em ser um bom ator, mas sim em ficar fazendo poses, como se tivesse fotografando para as capas de caderno da Capricho ou em ser a matéria exclusiva da Todateen. E não podemos esquecer Kristen Stewart, que parece sempre estar desconfortável durante a projeção. Com suas expressões (ou melhor, excesso delas) deixa o filme monótono e irritante. Mas mesmo com tudo isso, não faz mal Kristen, pois você é bonita e é isso que importa.
Outro fator curioso que não pude deixar de notar é que apesar de roteirizado e dirigido por mulheres a partir de um livro escrito por outra, o filme é surpreendentemente machista ao transformar em heroína uma garota disposta a abrir mão de tudo para seguir um homem. Ela abandona família, seus projetos pessoais e até mesmo a vida apenas para poder contar com o privilégio de ser a esposa de um vampirão (a essa altura Drácula já deve ter batido uma estaca no próprio coração).
Parece que a roteirista nunca assistiu algo como Casablanca ou se quer ouviu falar sobre a estória de Scarlett O'Hara. Mesmo assim o romance de Crepúsculo faz sucesso. Mas, pensando bem, talvez isto seja apropriado, já que as adolescentes (e alguns garotos) que gritam histericamente ao ver Robert Pattison, também não.

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